Ano passado tive o privilégio de ler a trilogia Millenium, do falecido jornalista sueco Stieg Larsson. Os livros são todos muito bons, principalmente porque permitem entrar no universo do jornalismo investigativo de qualidade sem precisar de histórias absurdas e sem sentido. É algo como um romance policial que com estória plausível.
Livro 1: Os homens que não amavam as mulheres
Mikael Blomkvist, jornalista da revista Millenium, é contratado por um milionário da indústria sueca para desvendar o provável assassinato da sobrinha deste. Mikael aceita a proposta, e nesta empreitada que vai se mostrando absurda, conhece a genial hacker Lisbeth Salander. Eles, juntos, desvendam o caso. Final feliz, obviamente. Também, qual seria a graça se fosse o contrário?
Stieg Larsson consegue prender o leitor com uma narrativa tensa e cheia de suspense, na qual fica a sensação de que o próximo parágrafo trará a resolução do anterior, mas na verdade o enigma só se entrelaça ainda mais.
Para deixar o texto mais rico, Larsson detalha cena por cena - por isso o livro ser tão grande - permitindo uma visualização por parte do leitor, aguçando a criatividade e envolvimento deste com a trama. Vale destacar ainda a visão romântica que Larsson tem do jornalismo. A revista Millenium se constitui em desvendar grandes fraudes, golpes e abusos de poder na sociedade sueca, sendo por isso temida e agredida por poderosos de todo o Reino da Suécia. Composta por jornalistas altamente íntegros e imparciais, Larsson procura resgatar a verdadeira função do jornalismo, dentro de uma sociedade corrompida pelas tentações capitalistas, o que acarreta em uma imprensa muitas vezes omissa e corporativista. A verdadeira missão do jornalista como profissional perante a sociedade, que é a de mostrar a verdade nua e crua dos fatos, fica explícita no desenrolar na missão de Blomkvist e na produção da Millenium. Blomkvist, inclusive, é processado por um mega empresário sueco (Hans Wennestrom) após publicar na revista uma matéria especial sobre as fraudes deste. Blomkvist perde. Aparece aí mais uma vitória do grande capital sobre a liberdade de imprensa.
Portanto, fica a dica. A leitura é deliciosa, principalmente para quem é estudante de jornalismo ou simpatizante da área. E quem não se encaixa em nenhum desses grupos, leia também. Com certeza vai querer fazer parte de um.
No próximo post, o livro 2!!
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