Tive uma agradável surpresa ao passar pela Leopoldina hoje. Reparei, da janela do ônibus, que o Canal do Mangue passava por uma dragagem. Desci e fui conversar com um dos funcionários da obra.
A dragagem naquela área, que já não ocorria há pelo menos cinco anos (o funcionário da obra não sabia me informar precisamente), tem previsão de término para três semanas. A quantidade de terra dragada tem como destino o Aterro Sanitário de Gramacho, esse mesmo para o qual vão os resíduos de sua residência.
Um outro detalhe curioso me foi revelado pelo funcionário: o Canal do Maracanã, que sofreu com as fortes chuvas de 05 de abril, foi dragado ainda este ano, e antes daquele pé d'água de 05 de abril. E de abril para cá, temos apenas seis meses. Conclusão: ou o serviço foi mal feito pela Rio Águas, ou esse espaço de tempo não é o suficiente para as manutenções. O que está havendo?
A dragagem é realizada por guindastes Draguilani 22B, com caçambas que retiram aproximadamente 1 metro cúbico de terra por inserção. O funcionário acredita que o Canal do Mangue não encha de forma desproporcional à sua capacidade em eventuais chuvas fortes após a realização deste trabalho. Isso ficaria mais fácil se acabassem com o despejo de esgoto no canal, salientou.
Além da Leopoldina e do Maracanã, também passam por esse processo os canais de Fazenda Botafogo e o da Rua Ceará, onde ficava a Vila Mimosa.
Nosso Ilustríssimo prefeito deve estar assustado com os preparativos para a Copa do Mundo, pois o episódio de 05 de abril, caso se repita durante a Copa prejudicaria bastante a imagem da cidade. Já pensou se chove desta maneira durante o Mundial? Resta agora fiscalizarmos e cobrarmos para que as obras sejam bem realizadas.
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quarta-feira, 20 de outubro de 2010
segunda-feira, 4 de outubro de 2010
Massacre de My-Lai: soldados corretamente punidos, mas não nos esqueçamos de um detalhe...
É muito fácil criticar quando não imaginamos a condição alheia, mas até que ponto podemos ser benevolentes? Com soldados em uma guerra não é diferente. No documentário My Lai - O Massacre, esse impasse afeta o espectador do inicio ao fim. A história da chacina promovida por soldados norte-americanos em 16 de março de 1968, durante a Guerra do Vietnã, contada por participantes de ambos os lados.
Ordenados pelo jovem tenente Calley, membros da Companhia Charlie fuzilaram injustamente mais de 500 mulheres, crianças, bebês e idosos. Dois anos depois, um jornalista resolveu apurar os fatos, depois de saber da historia por acaso, e toda a trama foi parar no tribunal militar, alcançando velozmente todos os norte-americanos.
Esse combatentes, em sua maioria sem qualquer consciência do porquê da guerra, de repente se encontram em uma situação caótica, rodeados por pressao e ameaças das mais diversas. Não só os valentes vietcongues, mas também as florestas, o clima, histórias locais, alto risco de contração de doenças e as desconfianças com o povo local. Guerrear já não é facil, em terreno desconhecido então... natural que a maioria entre em parafuso.
No começo, os ianques se mostravam bem simpáticos aos habitantes dos vilarejos, pois brincavam com as crianças, levavam doces e se davam muito bem com os nativos. Bem até demais, diriam os mais céticos. Então, como pôde isso acontecer?
Uma hora o estresse da guerra provocaria sensações até então inimagináveis por parte dos invasores. As sucessivas derrotas para a resistência, como armadilhas e snipers, fazia com que os sobrinhos do Tio Sam se sentissem no escuro. Medo, angustia, impotencia. Todas essas sensações vinham à tona quando os americanos faziam incursoes pelas florestas. Imagine o que é para um militar, da maior potência economica mundial, se sentir impotente e sucessivamente vencido por uma horda de rústicos e ingnorantes ? Índios providos de armas simples conseguiam ser mais brilhantes do que o maior e mais bem equipado exército do mundo. Inadmissível.
De acordo com depoimentos dos soldados, uma das táticas vietcongues foi crucial para o fomento do ódio aos nativos: as minas. Os aflitos norte-americanos contrastavam com os tranquios nativos, pois esses conseguiam transitar pelos campos sem sofrerem um só arranhão. Como isso era possível? "Foi a partir daí que passamos a encará-los como simpatizantes da guerra", afirmou um soldado. Não é uma afirmação descabida. Era intragável para os ianques sofrer sucessivas perdas dentro do quintal das tão acolhedoras mulheres, idosos e crianças.
No dia do massacre de My-Lai, os membros da Companhia Charlie esperavam encontrar os integrantes do 48º Batalhão de Infantaria Vietcongue, que segundo a Inteligência, estariam abrigados no vilarejo. Avisados os civis de que os americanos partiriam para um ataque, os oficiais preparados psicologicamente seus soldados para "atirarem em tudo que se movesse" e "não se preocuparem com a vida de inocentes; se estiverem por lá, é porque são simpatizantes".Mas houve um erro de cálculo da Inteligência, e uma grande decepção na chegada ao vilarejo: só emergiam das casas os intocáveis mulheres, crianças e idosos.
Em diversos momentos de nossas vidas, basta pronunciarmos uma frase para que carreguemos sequelas até o último de nossos dias. Ali em My-Lai não foi diferente. "Não entendemos aquela situação. Como podiam estar ali, se já haviam sido avisados de nossa chegada? Até que dois malucos gritaram 'são simpatizantes'. Depois dos primeiros tiros, não teve mais como conter". Palavras de um dos membros da companhia Charlie na ocasião. E então, se seguiu o massacre. Mais de 500 mortos. E nada de vietcongues...
Muitos dos membros da companhia foram judicialmente condenados no regresso aos Estados Unidos, entre eles o capitão da companhia, Ernest Medina, e um de seus oficiais, o tenente Calley. Alem do general Samuel Coster, que tratou de encobrir os acontecimentos em My-Lai. Corretamente punidos, para o bem da defesa dos direitos humanos.
Minha intenção não é dizer, de maneira alguma, que os militares são coitadinhos flagelados pela guerra e o terror psicológico. São culpados, e pronto. Tomados por medo e pela pressão de reações rápidas, pois foi para isso que foram treinados, acabaram por exterminar um simples vilarejo. Merecem punição, mas não pode ficar de lado essa questão fundamental do treinamento e da preparação psicológica para o terror. Encarar uma guerra não deve ser nada fácil. Portanto, quando fizer algum julgamento, não se esqueça de levar em conta esses singelos detalhes: o psicológico e os sofrimentos de seu "réu".
Ordenados pelo jovem tenente Calley, membros da Companhia Charlie fuzilaram injustamente mais de 500 mulheres, crianças, bebês e idosos. Dois anos depois, um jornalista resolveu apurar os fatos, depois de saber da historia por acaso, e toda a trama foi parar no tribunal militar, alcançando velozmente todos os norte-americanos.
Esse combatentes, em sua maioria sem qualquer consciência do porquê da guerra, de repente se encontram em uma situação caótica, rodeados por pressao e ameaças das mais diversas. Não só os valentes vietcongues, mas também as florestas, o clima, histórias locais, alto risco de contração de doenças e as desconfianças com o povo local. Guerrear já não é facil, em terreno desconhecido então... natural que a maioria entre em parafuso.
No começo, os ianques se mostravam bem simpáticos aos habitantes dos vilarejos, pois brincavam com as crianças, levavam doces e se davam muito bem com os nativos. Bem até demais, diriam os mais céticos. Então, como pôde isso acontecer?
Uma hora o estresse da guerra provocaria sensações até então inimagináveis por parte dos invasores. As sucessivas derrotas para a resistência, como armadilhas e snipers, fazia com que os sobrinhos do Tio Sam se sentissem no escuro. Medo, angustia, impotencia. Todas essas sensações vinham à tona quando os americanos faziam incursoes pelas florestas. Imagine o que é para um militar, da maior potência economica mundial, se sentir impotente e sucessivamente vencido por uma horda de rústicos e ingnorantes ? Índios providos de armas simples conseguiam ser mais brilhantes do que o maior e mais bem equipado exército do mundo. Inadmissível.
De acordo com depoimentos dos soldados, uma das táticas vietcongues foi crucial para o fomento do ódio aos nativos: as minas. Os aflitos norte-americanos contrastavam com os tranquios nativos, pois esses conseguiam transitar pelos campos sem sofrerem um só arranhão. Como isso era possível? "Foi a partir daí que passamos a encará-los como simpatizantes da guerra", afirmou um soldado. Não é uma afirmação descabida. Era intragável para os ianques sofrer sucessivas perdas dentro do quintal das tão acolhedoras mulheres, idosos e crianças.
No dia do massacre de My-Lai, os membros da Companhia Charlie esperavam encontrar os integrantes do 48º Batalhão de Infantaria Vietcongue, que segundo a Inteligência, estariam abrigados no vilarejo. Avisados os civis de que os americanos partiriam para um ataque, os oficiais preparados psicologicamente seus soldados para "atirarem em tudo que se movesse" e "não se preocuparem com a vida de inocentes; se estiverem por lá, é porque são simpatizantes".Mas houve um erro de cálculo da Inteligência, e uma grande decepção na chegada ao vilarejo: só emergiam das casas os intocáveis mulheres, crianças e idosos.
Em diversos momentos de nossas vidas, basta pronunciarmos uma frase para que carreguemos sequelas até o último de nossos dias. Ali em My-Lai não foi diferente. "Não entendemos aquela situação. Como podiam estar ali, se já haviam sido avisados de nossa chegada? Até que dois malucos gritaram 'são simpatizantes'. Depois dos primeiros tiros, não teve mais como conter". Palavras de um dos membros da companhia Charlie na ocasião. E então, se seguiu o massacre. Mais de 500 mortos. E nada de vietcongues...
Muitos dos membros da companhia foram judicialmente condenados no regresso aos Estados Unidos, entre eles o capitão da companhia, Ernest Medina, e um de seus oficiais, o tenente Calley. Alem do general Samuel Coster, que tratou de encobrir os acontecimentos em My-Lai. Corretamente punidos, para o bem da defesa dos direitos humanos.
Minha intenção não é dizer, de maneira alguma, que os militares são coitadinhos flagelados pela guerra e o terror psicológico. São culpados, e pronto. Tomados por medo e pela pressão de reações rápidas, pois foi para isso que foram treinados, acabaram por exterminar um simples vilarejo. Merecem punição, mas não pode ficar de lado essa questão fundamental do treinamento e da preparação psicológica para o terror. Encarar uma guerra não deve ser nada fácil. Portanto, quando fizer algum julgamento, não se esqueça de levar em conta esses singelos detalhes: o psicológico e os sofrimentos de seu "réu".
domingo, 3 de outubro de 2010
Outro olhar sobre a África
Domingo agradável no Centro Cultural Justiça Federal. Assisti aos filmes "My Lai - O Massacre" e "Mama Africa". Recomendo o primeiro a todos os interessados pela história da Guerra do Vietnam e suas seqüelas, e o segundo a quem tiver interesse em compartilhar uma visão do continente africano diferente do que estamos acostumados a ver nas manchetes frequentemente.
O documentário Mama África se constitui de uma série de entrevistas com diversos africanos de norte a sul. De ambulantes e outros comerciantes ilegais a músicos, jornalistas, escritores, poetas e pensadores, que manifestaram suas diversas opiniões sobre o continente onde vivem, a forma (equivocada) como as pessoas o enxergam e conduziram a equipe do filme e toda a platéia a um passeio por Marrocos, Gana, Senegal, Guinea, Moçambique e outros. Muita dança, música e pintura bem peculiares, com o jeitão do povo africano: alegre e multicolorido.
A África rica. Rica de cultura, alegria, de gente otimista e lutadora. Como já dizia a frase de abertura do filme, o problema dos estereótipos não é que estejam errados, e sim incompletos. Uma África cheia de problemas, com pobreza e corrupção acentuada, tráfico de drogas e armas, guerrilhas, pirataria (estou falando de piratas de verdade, não vendedores ambulantes), altos indices de HIV e etc. Essa África existe, de fato, mas por lá também há gente inteligente, consciente da sociedade global, talentosa, orgulhosa e com muitas, muitas variantes culturais.
Não se espante quando eu digo orgulhosa. Assim se declarou um dos entrevistados, que diz ser a África "o berço de todos os povos". Todos os povos descendem do continente africano, são filhos de "Mama África".
Uma abordagem interessantíssima do filme foi a do papel da mulher africana. Como em qualquer lugar do mundo, fica sempre responsável por cuidar da família e dos afazeres domésticos. Mas hoje vemos uma realidade bem diferente, felizmente, com muitas mulheres no mercado, competindo com os homens e etc. Mas senti que por lá, apesar dos avanços, foi mais difícil para elas conseguirem conquistar esse espaço. Inusitados cargos e profissões, como Ministra da Defesa em Guinea a capitã de barco pesqueiro no Senegal, essas mulheres lutam muito para conquistar seu espaço. "Dizem que vou morrer solteira, você se parece muito com os homens", afirmou a capitã. Quando pensou em desisitir, foi conversar com o chefe. Ele a demoveu da ideia. "Se o chefe aprovou, então é porque não há problema", disse aos risos.
A África também tem gente que pensa, que canta e que dança, e não são apenas aqueles grupos que você viu especialmente na Copa do Mundo. Isso tem todo dia, em toda luta, com o orgulho de ser o descendente mais direto de Mama África.
O documentário Mama África se constitui de uma série de entrevistas com diversos africanos de norte a sul. De ambulantes e outros comerciantes ilegais a músicos, jornalistas, escritores, poetas e pensadores, que manifestaram suas diversas opiniões sobre o continente onde vivem, a forma (equivocada) como as pessoas o enxergam e conduziram a equipe do filme e toda a platéia a um passeio por Marrocos, Gana, Senegal, Guinea, Moçambique e outros. Muita dança, música e pintura bem peculiares, com o jeitão do povo africano: alegre e multicolorido.
A África rica. Rica de cultura, alegria, de gente otimista e lutadora. Como já dizia a frase de abertura do filme, o problema dos estereótipos não é que estejam errados, e sim incompletos. Uma África cheia de problemas, com pobreza e corrupção acentuada, tráfico de drogas e armas, guerrilhas, pirataria (estou falando de piratas de verdade, não vendedores ambulantes), altos indices de HIV e etc. Essa África existe, de fato, mas por lá também há gente inteligente, consciente da sociedade global, talentosa, orgulhosa e com muitas, muitas variantes culturais.
Não se espante quando eu digo orgulhosa. Assim se declarou um dos entrevistados, que diz ser a África "o berço de todos os povos". Todos os povos descendem do continente africano, são filhos de "Mama África".
Uma abordagem interessantíssima do filme foi a do papel da mulher africana. Como em qualquer lugar do mundo, fica sempre responsável por cuidar da família e dos afazeres domésticos. Mas hoje vemos uma realidade bem diferente, felizmente, com muitas mulheres no mercado, competindo com os homens e etc. Mas senti que por lá, apesar dos avanços, foi mais difícil para elas conseguirem conquistar esse espaço. Inusitados cargos e profissões, como Ministra da Defesa em Guinea a capitã de barco pesqueiro no Senegal, essas mulheres lutam muito para conquistar seu espaço. "Dizem que vou morrer solteira, você se parece muito com os homens", afirmou a capitã. Quando pensou em desisitir, foi conversar com o chefe. Ele a demoveu da ideia. "Se o chefe aprovou, então é porque não há problema", disse aos risos.
A África também tem gente que pensa, que canta e que dança, e não são apenas aqueles grupos que você viu especialmente na Copa do Mundo. Isso tem todo dia, em toda luta, com o orgulho de ser o descendente mais direto de Mama África.
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