Cada dia, mês, ano que passa, tenho mais consciência da importância que o controle emocional tem na vida de qualquer ser humano. É uma competência mais necessária e decisiva que o intelecto, sem dúvida alguma. Inúmeras pesquisas da década de noventa em diante tem afirmado que pessoas com mais capacidade de gerir as próprias emoções, a Inteligência Emocional, são mais bem sucedidas que colegas de escola e faculdade com notas mais altas. Afinal, de que adianta um gênio irresponsável que não consegue por em prática, com um mínimo de organização, todos os seus conhecimentos?
Esse foi o Clube Atlético Mineiro no jogo de hoje. Muito superior tecnicamente ao seu adversário, o Olimpia, o time treinado por Cuca não jogou nada próximo do seu brilhante desempenho em outros jogos. Diante do muito melhor organizado e mais concentrado oponente, deu mostras de fragilidade perante momentos decisivos. Como no jogo fora de casa pelas semi-finais, contra o Newells Old Boys, o Galo foi presa fácil para as raposas.
A explicação para esses lapsos de "pequenês" pode ser a falta de controle emocional da equipe como um todo. Estaria a fama de pé-frio de Cuca contaminando a equipe? Seria realmente azarado o treinador ou este não sabe trabalhar o psicológico de seus jogadores da mesma forma que trabalha suas competências técnicas, habilidade já demonstrada em diversas outras equipes onde trabalhou? Ao meu ver, essa é a hipótese mais provável e certamente a qualidade que separa um técnico extremamente competente do hall dos vencedores, do grupo dos grandes campeões.
Cuca me lembra muito Matt Damon em "O Gênio Indomável", quando o ator interpreta um jovem com memória fotográfica e raciocínio extremamente rápido, a ponto de discorrer sobre livros recém-lidos com a facilidade de especialistas e resolver cálculos com a facilidade de quem quebra um palito de dentes. Com a facilidade que joga futebol esta equipe do Atlético, que se iguala a Damon também no descontrole emocional: enquanto o time sofre um apagão nos momentos decisivos, o jovem genial sofre crises de personalidade, tendo dificuldades para entender a si mesmo e escolher uma das diversas possibilidades profissionais que a vida lhe oferece. Uma mente brilhante limitada a serviços de faxina quando poderia integrar o mais alto escalão da Nasa. Estaria também o Atlético com seu futuro comprometido apesar de toda a qualidade técnica demonstrada desde o ano passado no futebol brasileiro e continental?
Portanto, não é um problema de "pé-frio" ou "amarelada", e sim a falta de atenção para o trabalho do controle emocional de seu treinador e jogadores. Para se desenvolver a Inteligência Emocional, no entanto, não existe uma fórmula específica. Cada pessoa tem mais ou menos força emocional para lidar com vitorias e derrotas, sofrimentos e alegrias, de acordo com sua trajetória de vida. Detectar as fraquezas emocionais não é uma tarefa fácil para qualquer pessoa, e muitas vezes se necessita um psicólogo para dar o suporte necessário. Teriam os clubes de futebol a devida atenção com algo tao importante? Teriam, ainda, a consciência da importância disso ou consideram pura e simplesmente balela de intelectuais? Num País onde só vencer, e do jeito mais fácil possível, é o que importa, tachar o perdedor de fracassado é comum, algo natural. O brasileiro prefere acreditar em "dom", "propensão natural" e "ajudas sobrenaturais" do que enxergar as reais necessidades de trabalho e alterar a realidade em que se encontra. No futebol isso fica ainda mais claro.
A título de exercício, observe as características comuns nos grandes campeões e procure-as no Cuca. Perceberá que, infelizmente, faltam várias para nosso nobre treinador e que podem mais uma vez serem decisivas para o revés desse treinador brilhante nos gramados.
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quarta-feira, 17 de julho de 2013
sábado, 15 de junho de 2013
Um pouco de inocência faria bem ao torcedor da seleção
A despeito do duradouro desinteresse pela seleção brasileira, resolvi assistir a este jogo contra o Japão imbuído do espírito característico do torcedor inocente: confiança, alegria e a crença de que o Brasil tem, sim, o maior e melhor time de futebol do planeta.
Entenda torcedor inocente aquele que não acompanha diariamente o universo futebolístico, portanto desconhece (ou conhece muito pouco, quase nada) os escândalos de corrupção na FIFA e na CBF, as especulações em torno das convocações de jogadores influenciadas por empresários, as obras absurdas e faraônicas nos estádios da Copa do Mundo, além da maior realização de amistosos do Brasil fora do país, distanciando ainda mais a seleção do povo. Sem contar o futebol desinteressante praticado pelo escrete canarinho há um bom tempo, desde o comando de Mano Menezes.
O torcedor inocente, portanto, se coloca de fora da rotina da seleção brasileira, só aparecendo nos dias de jogos e principalmente na Copa do Mundo, quando veste a camisa, pinta o rosto, sacode a bandeira mas não consegue citar cinco jogadores do time titular. É uma paixão quase infantil, bonita, realmente inocente. Pois bem, já venho tentando deixar os problemas de lado e incorporar esse espírito desde a contratação de Felipão, mas ele só pode aparecer timidamente no amistoso contra a França, pois foi o único que consegui assistir inteiro desde o retorno do comandante do penta.
Quando o gaúcho Luiz Felipe Scolari foi contratado, li e ouvi muitas críticas a respeito de seu recente trabalho no Palmeiras e que ele ia na contramão da proposta de "renovação" tão falada pelo comando da CBF. Mas deixei os críticos de lado e resolvi acreditar que Felipão seria como um super-herói, destinado a reconduzir uma combalida seleção brasileira ao status de maior e melhor time de futebol do planeta, tal qual em 2002.
Pois bem, vieram os amistosos, críticas e mais críticas, até que jogamos muito bem contra a França e a confiança no time voltou, mesmo que discretamente. Enquanto muitos preferiam dizer que a França já não era mais o grande time de outrora, ou que apesar do placar de 3 a 0 apresentamos muitas falhas, segui o senso comum de que uma goleada é uma goleada, e que vamos com tudo para a Copa das Confederações, pois quando o jogo vale de verdade, nossa camisa vira uma armadura do Homem de Ferro, nossos jogadores ganham a força do Hulk e ninguém é capaz de superar a gente. Há muito tempo não torcia assim pela Seleção, e a sensação é deliciosa.
Tão deliciosa quanto gritar "golaço" depois do chute de Neymar acertar o ângulo de Kawashima. Brasil 1 a 0, e vamos para cima, que o jogo é de campeonato e o Japão não é páreo para a gente! O placar de 3 a 0 ao fim do jogo reflete nossa superioridade, cala a boa de críticos e aumenta o interesse do povo para a próxima partida, contra o México.
Ah, o México, um adversário muito mais difícil, que ganhou da gente nos últimos jogos, ganhou o sonhado ouro olímpico da gente em Londres...não vai ser fácil.
Bobagem! Nós somos o Brasil, e vamos com tudo para cima de todos os adversários, pois somos o único país pentacampeão mundial!
Nunca foi tão bom deixar a razão de lado e se fazer um pouquinho de ignorante, inocente.
Entenda torcedor inocente aquele que não acompanha diariamente o universo futebolístico, portanto desconhece (ou conhece muito pouco, quase nada) os escândalos de corrupção na FIFA e na CBF, as especulações em torno das convocações de jogadores influenciadas por empresários, as obras absurdas e faraônicas nos estádios da Copa do Mundo, além da maior realização de amistosos do Brasil fora do país, distanciando ainda mais a seleção do povo. Sem contar o futebol desinteressante praticado pelo escrete canarinho há um bom tempo, desde o comando de Mano Menezes.
O torcedor inocente, portanto, se coloca de fora da rotina da seleção brasileira, só aparecendo nos dias de jogos e principalmente na Copa do Mundo, quando veste a camisa, pinta o rosto, sacode a bandeira mas não consegue citar cinco jogadores do time titular. É uma paixão quase infantil, bonita, realmente inocente. Pois bem, já venho tentando deixar os problemas de lado e incorporar esse espírito desde a contratação de Felipão, mas ele só pode aparecer timidamente no amistoso contra a França, pois foi o único que consegui assistir inteiro desde o retorno do comandante do penta.
Quando o gaúcho Luiz Felipe Scolari foi contratado, li e ouvi muitas críticas a respeito de seu recente trabalho no Palmeiras e que ele ia na contramão da proposta de "renovação" tão falada pelo comando da CBF. Mas deixei os críticos de lado e resolvi acreditar que Felipão seria como um super-herói, destinado a reconduzir uma combalida seleção brasileira ao status de maior e melhor time de futebol do planeta, tal qual em 2002.
Pois bem, vieram os amistosos, críticas e mais críticas, até que jogamos muito bem contra a França e a confiança no time voltou, mesmo que discretamente. Enquanto muitos preferiam dizer que a França já não era mais o grande time de outrora, ou que apesar do placar de 3 a 0 apresentamos muitas falhas, segui o senso comum de que uma goleada é uma goleada, e que vamos com tudo para a Copa das Confederações, pois quando o jogo vale de verdade, nossa camisa vira uma armadura do Homem de Ferro, nossos jogadores ganham a força do Hulk e ninguém é capaz de superar a gente. Há muito tempo não torcia assim pela Seleção, e a sensação é deliciosa.
Tão deliciosa quanto gritar "golaço" depois do chute de Neymar acertar o ângulo de Kawashima. Brasil 1 a 0, e vamos para cima, que o jogo é de campeonato e o Japão não é páreo para a gente! O placar de 3 a 0 ao fim do jogo reflete nossa superioridade, cala a boa de críticos e aumenta o interesse do povo para a próxima partida, contra o México.
Ah, o México, um adversário muito mais difícil, que ganhou da gente nos últimos jogos, ganhou o sonhado ouro olímpico da gente em Londres...não vai ser fácil.
Bobagem! Nós somos o Brasil, e vamos com tudo para cima de todos os adversários, pois somos o único país pentacampeão mundial!
Nunca foi tão bom deixar a razão de lado e se fazer um pouquinho de ignorante, inocente.
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