Pesquisar este blog

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Porque a população é descrente com a política

O lado bom da política tem pouco espaço na mídia, e consequentemente, nos debates da população. Não à toa, o número de ausentes e votos nulos ou brancos foi tão grande nas eleições País afora. Aqui no Município do Rio de Janeiro a abstenção foi de 20%. Em São Paulo, a maior cidade do Brasil, foi de 17%. Some-se a essa elevada abstenção um percentual significativo de votos nulos ou brancos, que fazem o prefeito reeleito Eduardo Paes ter uma aprovação de “apenas” 44,4% em relação a TODO o eleitorado carioca. Seus 2.097.733 votos equivalem a 64% dos votos válidos, mas não quer dizer que mais da metade da população carioca esteja satisfeita com sua gestão.

Esses números evidenciam uma triste realidade: aquele cidadão que não se preocupa com as questões políticas e bate no peito, orgulhoso, para se ausentar de responsabilidades pela gestão da cidade, só ajuda a perpetuar no poder o principal responsável pelas suas insatisfações: o prefeito. Delega a outros a decisão sobre quem vai assinar a gestão da saúde, educação, transportes, políticas habitacionais e todos os outros projetos de infraestrutura da cidade.

Essa postura covarde de uma grande parcela do eleitorado carioca e nacional reflete uma grave desilusão do brasileiro com a política. A participação na vida política está associada, infelizmente, à corrupção, como se todos os políticos brasileiros fossem ruins. Por isso, poucas pessoas procuram saber das atribuições desses legítimos representantes do povo, de seus trabalhos em comissões parlamentares para discutir e solucionar problemas específicos, das propostas e emendas constitucionais de grande utilidade para a sociedade, mas reprovadas por “boicotes” da oposição, etc. Informadas sobre, muitas dessas pessoas teriam postura diferente. Como diz o filósofo, informação é poder.

Por isso a importância da imprensa como fiscal do poder público: informar a população sobre as decisões dos representantes dessa população. E ela tem se mostrado muito eficiente na divulgação de casos de corrupção e improbidade administrativa, como temos visto no impeachment de Collor, as estripulias de Paulo Maluf, os mensalões petista e do DEM e as relações obscuras entre o ex-senador Demóstenes Torres e o bicheiro Carlinhos Cachoeira, só para citar exemplos mais recentes.

Fatos tristes, lamentáveis, que devem ser repassados à sociedade

Assim como os bons exemplos de políticos honestos e empenhados no bem-estar da sociedade.

Você sabe como funciona uma Câmara Municipal? Quais as atribuições dos três poderes? O que fazem os deputados da Alerj? Como funciona a abertura de uma CPI? Qual a atuação específica de cada uma das três esferas do executivo? Essas e outras questões, infelizmente, não são discutidas. Para esse debate entrar na agenda da sociedade, a imprensa teria um papel fundamental.

A mídia tem o papel fundamental de manter a sociedade informada, para que esta possa cobrar seus direitos e ter consciência de seus deveres. Mas, no papel de trazer a pauta política para a agenda da população, não tem feito de forma completa: apenas os podres da política tem ganho espaço nos jornais. É necessária uma cobertura mais profunda das atuações de vereadores, deputados, senadores, prefeitos, governadores e presidentes.